“Amor, meu grande amor, não chegue na hora marcada
Assim como as canções, como as paixões e as palavras…”
E assim começa uma das minhas músicas preferidas, Amor meu grande amor, cantada lindamente por Angela Roro e também por Frejat. E esses dias eu passei um bom tempo pensando em como o amor é algo difícil de ser entendido por nós, reles mortais. Mas eu não quero ser repetitiva e falar as mesmas coisas que todos falam. Pára!!! Não, não é a mesma coisa que todos falam, é algo que parece ser cada dia mais uma urgência social. Como as pessoas estão fechando bruscamente suas portas para o amor, um sentimento tão nobre, mas que exatamente por estarmos vivendo em uma sociedade de tantas injustiças acabamos nos protegendo de amar e magoamos todos a nossa volta a todo momento. Tentando não sofrer desilusões acabamos não vivendo as delícias do amor, e ainda para não ser mal tratada eu trato mal. A melhor defesa é o ataque. Olho por olho, dente por dente! Até a lei de Talião está cada dia mais se enquadrando nas relações amorosas.
Quantas vezes você decidiu não se magoar e se fechou? Quantas vezes você deixou o outro com uma sensação de “quero mais”, mas você mesmo não sabia se queria, não sabia como queria, tinha medo de enfrentar, de arriscar. E deixou passar a oportunidade… E aqui eu estou falando de amor romântico, aquele que aperta o peito, dá uma dorzinha na alma, mas que adoramos sentir. O amor romântico que é tão pouco vivido nos dias atuais, onde culpabilizamos a efemeridade dos dias, sem perceber que na verdade desaprendemos a lidar com a liberdade sexual, não conseguimos encarar que sexo e amor são diferentes, mas andam de mãos dadas. Porque é tão difícil pensar que aquela transa maravilhosa pode se tornar um bom filminho em casa com pipoca e beijinhos. Está tão difícil confiar meus dias à alguém que eu prefiro dar uma trepadinha básica e sem graça e esquecer que estou muito carente numa festa ou num bar, beijando muitas bocas e mantendo o meu coração sempre vazio. Vale ressaltar que isso tanto para as mulheres quanto para os homens.
“Amor, meu grande amor, só dure o tempo que mereça
E quando me quiser que seja de qualquer maneira
Enquanto me tiver, que eu seja o último e o primeiro
E quando eu te encontrar, meu grande amor, por favor, me reconheça “
Na adolescência eu me apaixonei perdidamente por um colega de classe, ele era o mais gordinho e querido da turma, e foi com ele que aprendi o que era orgasmo enquanto estudávamos para as aulas de química, brincávamos muito que estávamos fazendo a química na prática. Pela primeira vez na minha vida beijava com amor, com desejo, onde sexo e amor eram as essências que perfumavam nossa amizade, verdadeira e incrível amizade que durou todo nosso “caso de amor”. De qualquer maneira, durou bastante, durou o tempo que merecia, alguns meses de intensidade e alguns anos de forma esporádica, mas nada além do que deveria. Quanto estávamos juntos éramos únicos. Últimos e primeiros. Mas infelizmente foi algo com tamanhas restrições que esse grande amor deixou de se reconhecer até como algo que fez parte da nossa história… E hoje já não nos reconhecemos mais… Isso para mim é o mais triste de tudo, negar que se amou, que se viveu, fingir que não conhece alguém que esteve com você num momento de extrema intimidade como o sexo.
Sexo, porque esse tema é tão difícil de lidar? Porque criamos tantas restrições? porque os homens acham que a mulher se apaixonar pela primeira transa? Porque nós mulheres também já escondemos que queremos mais? porque queremos vínculos mas jogamos como se não quisessemos? E os homens acham que mais vale a quantidade que a qualidade? Será? Sinceramente não acredito mais nisso não. Homens querem qualidade também, mas o que eles não querem é pagar o preço de se expor, de se mostrar, de abrir as portas do coração e serem vulneráveis… Homens e seus machismos, suas certezas de não poderem nunca dizer que estão dispostos a viver uma história de amor. E ficam esperando um dia que a mulher vai fazer ele enlouquecer e assim perdem os eixos, as estribeiras, a razão e… se perdem. Estupram, Torturam. Matam. Mulheres machistas, que querem ser como os homens, fazerem sexo sem compromisso mas não conseguem arcar com as consequências emocionais que isso acarreta. E choram, e sofrem, e matam, e se matam…
Parece estranho mas a única coisa que eu quero, e que vejo que a maioria quer, sendo homens ou mulheres é viver um amor de verdade. Deixar o coração sentir, sem medir.
“Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Que não há tempo que volte amor
Vamos viver tudo que há pra viver
Vamos nos permitir…”
Sábio Lulu Santos, quando será que vamos nos permitir amar mais com todo nosso coração e não mais jogar e fingir que não estamos nem aí? Esse papo pra mim ainda dói demais.
Amei conversar com você!